segunda-feira, 19 de abril de 2010

Herói

Se o braço forte se cansa,
E a perna teme a andança,
Quem seria atrevido
De declarar-se nunca vencido?

Quem iria imaginar
Que por trás de olhar tão seguro
O heróico cavaleiro da luz
Treme e teme o escuro?

O elmo ornamentado
do guerreiro sorridente
Quando acaba por ser virado,
é uma triste lua crescente.

Mas não se deve temer, agora.
Ainda de pé, está o escudeiro.
Forte da mente, de dentro pra fora,
ajudará a erguer o triste cavaleiro.
E quando as nuvens negras forem embora,
e o alegre alegrar se refizer inteiro
poucos terão lido este curto trecho
mas quem souber sorrir viverá o desfecho.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Passos(valsa)

As garotas vêm e voam,
nas asas de suas vestes.
Se pintam de feias, caricaturas
Carregam espelhos, carmas, pinturas.

E no alto de seus saltos,
muitos pisam o salão.
Os seus pares são a noite,
são levados pela mão
Nos ternos, nos sorrisos em conjunto
Se vê a solidão
E o riso abafa a consciência,
dançarinos, brilham expostos
a duvida de sua existência...

Dancem, dancem,
a valsa dos passos perdidos
dancem os seus rituais
aos pecados já esquecidos
Dancem, dancem,
a valsa dos passos perdidos
Dance quem apedrejou
A glória dos anjos caídos

Mas pra onde irá a memória,
de uma noite sem final?
E quem contará uma história
De que ninguém participou?
O que se fez, ou se foi
Não se sabe onde ficou
Ninguém verá a beleza
Do rosto que se mostrou.

Quando não houverem mais olhos
e as imagens continuarem lá
Fotografias sem mais razão,
Quadros em branco para emoldurar

Dancem, dancem,
a valsa dos passos perdidos
dancem aos seus ideais,
assombrados, sem mais sentido
Dancem, dancem,
a valsa dos passos perdidos
Dance quem nunca escutou
A história dos deuses fugidos

sábado, 10 de abril de 2010

Fuga

Por onde passei olho a calçada...
e percebo: na poeira, não há pegadas!
Será que meu caminho foi uma ilusão
ou meus pés que não tocaram o chão?

Pra onde vou, enquanto não sei quem sou?
E tonto que estou, ainda por cima,
eu, que esperava me salvar em uma rima,
preso numa sela ensolarada,
me sinto em fuga alucinada,
tentando fugir de um medo que não veio,
agora entendo - não há escolha,
quando se começa no meio.