quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Clausura Vítrea

Eu queria uma brisa
pra levar-me lá pra fora
uma suave lufada
numa hora inesperada
a me trazer um bem estar
a me buscar neste lugar
e me atirar impiedosamente na garoa da rua
refrescando o fervor da minha cara nua
mas...
com essa janela fechada não vai rolar

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Assoviar e estalar os dedos

Eu vou hoje escrever um manual de instruções
um tomo denso
mui extenso
que desvende a vida em mil lições

Tenho em casa uma pena reservada
pontiaguda e afiada
capaz de rasgar pele e carne
fibra e alma

Pena esta que me aguarda
em silêncio
ansiosa por mutilar-me o pensamento
E eu
que temo este momento
calo em mim
a toda hora
cada ideia que se aflora

Eu hoje vou desistir
de ensinar e de saber
Pois logo agora eu me vesti
sozinho
impecavelmente elegante
para o Baile do Poeta Pedante

Portanto vou-me indo
tenho ainda de calçar os meus sapatos
e na pressa
abandonei rima e métrica
pois tenho que aprender a amarrar os cadarços

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Birdland



Pé na pá
Birubá, Rumba Mamá
A pá e o pé na pá
Hum... só, a rir um sorrir
Pássaro lá, pé na pá
Terrá de pássarô, dê-pá-ssará
Só rir com covinhas
Cá vinhas, com covinhas
Só a rir
Pé; pá com pé
Cá-vava covinhas, cá - minhas
Covinhas sorri a cavar covinhas
Pé na pá e,
O qué qui há?
Á-cá-vava, vinhas covinhas passarava
Em terra de passarar
Quem tem ombro sabe dançar

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De repente

Era suave e era quente
Aquele ar que me envolveu
Veio do nada e foi em frente
Um olhar que anoiteceu

Me fiz sujeito à sensação
Me vi de um jeito inesperado
Calor no peito, palpitação
E num instante fiquei tão triste
Na madrugada, acordei solito
E o tico em riste

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre caminhos e calmantes

Passavam os meses, dia a dia
Eu encarava as cortinas,
escancarava as retinas,
e nem um poema eu fazia

Passava o ano, mês por mês
e uma de cada vez
cutucavam-me as questões
"Quem sois? Pra onde vais?"

Num balanço insustentável,
seguia meu passeio, meu caminho
calando em mim cada questão
que não se respondia,
ao engolir em seco
mais uma bolacha maria

quinta-feira, 14 de junho de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

D'escolha própria

Jorge - um cara comum
Viveu em solidão,
viveu tão ocupado;
Desorientado,
nos culpou a cada um,
Por não lhe ter avisado
que caminhando na esteira,
andaria a vida inteira
sem alcançar lugar algum.